sexta-feira, 12 de abril de 2013

A PROCISSÃO DOS PENITENTES


O que vamos falar é da antiga e desaparecida procissão dos penitentes, que andou pelas ruas de goiana em meados do século passado. Era pela semana santa de madrugada, quando todos já estavam dormindo. Um grupo de penitentes, talvez uns dozes, percorria a cidade, saindo da matriz e indo pelas ruas, Direita, Baixinha, Augusta, Conceição, Rosário, voltando a Matriz. Eles vestiam uma espécie de saia, porém nus da cintura para cima, em passo cadenciado, conduzindo cada um deles uma bola de cera com pedaços de vidros e presa a um cordel. A cadência dos passos era marcada por um “Baixo” Metálico, (Um Tuba). À frente, um dos penitentes ia anunciando em voz arrastada e lúgubre a aproximação do cortejo e fazendo barulho com um pequeno baú, onde havia colocado umas pedras, como se fosse uma matraca.
E lá iam os tristes penitentes, pela meia escuridão da madrugada, metidos em suas saias, nus da cintura para cima, marchando a passos cadenciados ao som do tuba, com o arauto à frente, balançando um baú cheio de pedras e anunciando a procissão. Não se podia ver o cortejo. Era pecado. E ninguém queria incorrer no castigo de DEUS. O temor fazia com que todos respeitassem essa crença. Se alguém, Contudo, por irreverência, quisesse observar a cerimônia, um punhado de areia lhe seria jogado nos olhos, sem se saber como e por quem.
Durante o percurso, eram os lombos dos penitentes açoitados até correr sangue. Era o sacrifício, a penitência, o flagelo. E aqueles dorsos desnudos, iam sendo açoitados pela “Disciplina” (Espécie de chicote), sem um gemido, uma lágrima, uma queixa, no mesmo passo cadenciado ao som do tuba, com um arauto, lá adiante, sacudindo o baú com pedras. Sempre marchando pela madrugada, com o sangue a correr pela cintura, pelas pernas abaixo. “Quando, talvez, por tibieza, senão por descuido, falhava algum dos golpes, o companheiro mais próximo adiantava-se caridosamente a resgatar a omissão, provendo o temerato ou descuidado, com o arremesso da sua própria disciplina.”
Terminada a cerimônia religiosa, o dia já vinha clareando lá pelas bandas da barra do rio goiana. Os penitentes recolhidos à sacristia da igreja matriz passavam sobre as feridas das costas talos de bananeira, a fim de evitar uma infecção. E logo depois, não claro ainda, regressavam às suas casas, satisfeitos da santa e piedosa missão cumprida. 
Essa tradição em alguns estados, principalmente no nordeste, ainda é conservada, vejam o link abaixo.
O historiador Álvaro Guerra (Mário Santiago) escreveu sobre a procissão dos penitentes,acrescentando que sua tia-bisavó D. Alexandrina Tavares, que morava na rua Augusta, intrigada com aquele mistério e auxiliada pela sua Irmã mais velha,burlou a vigilância dos seus pais,indo espiar pela janela a tal procissão, precavida contra o punhado de areia. Ela reconheceu pessoas de projeção social, ficando apenas o nome de um deles. *João José Tavares de Sá Albuquerque, Notável músico na época.

* João José Tavares de Sá Albuquerque foi o terceiro maestro da sucessão cronológica da banda musical curica e Segundo maestro da Saboeira.

EMANUEL CABRAL.

FONTE: Velhas Histórias de goiana, Pinto,Octavio.

domingo, 7 de abril de 2013

CONCURSO PARA MUSICO MILITAR


Inscrições abertas, de 22 de abril até 23 de maio de 2013, as inscrições para o Concurso de Admissão ao Curso de Formação de Sargentos Músicos do Corpo de Fuzileiros Navais (C-FSGMU-CFN) para 2014. Ao todo, são 24 vagas.

terça-feira, 2 de abril de 2013

O ENGENHO MIRANDA E SUA ''BANDA RÚSTICA''


Mais ou menos no inicio de século 19 existia um grupo de escravos músicos no engenho miranda,o que deveria ser normal também em outros engenhos da época, esses conjuntos musicais ainda descaracterizados atendiam as necessidades do engenho tanto cívica como religiosa. A julgar por um lançamento feito no livro de ''conta de Despesas'' da irmandade de nossa senhora do rosário dos homens preto,relativa a dezembro de 1820 , '' idem(Dinheiro) a um portador que foi à miranda ver as xaramelas-$160". Neste caso, resta-no concluir que se trata aqui de uma organização sócio -musical. Por sua vez, o tópico seguinte é relativo a outro lançamento,sendo este,de dezembro de 1845,mas,que vem nos dar a confirmação da conclusão acima''Dinheiro pela música a Antônio ximendes. Recibo n.7 - 18$000". e um pouco mais além: "dinheiro aos pretos das xaramelas- 4$000". Sendo assim,dessa época,talvez,e de outras anteriores,diz a tradição de goiana."tocarem os escravos sem nenhum conhecimento de teoria musical (mesmo em funçôes sacras). sendo seus instrumentos: piston(ou equivalente);requinta,clarinete,trombone,baixo,triângulo,pífano,(SANTIAGO,1948,P 6-8). Ob: Eles provavelmente chamavam esses conjuntos musicais de ''xaramelas", essa designação é dada a um instrumento ancestral ao clarinete.

Emanuel Cabral.

REFERÊNCIA: Dissertação para a obtenção do título de mestre, DEVOÇÃO E RESISTÊNCIA: AS IRMANDADES DE HOMENS PRETOS DE GOIANA(1830-1850) de Maria de Jesus Santana Silva