quinta-feira, 28 de junho de 2012

SOCIEDADE MUSICAL SANTA CECILIA DE SABARÁ

Desde as primeiras décadas de 1700, a sociedade mineira se expressa de modo significativo por meio da música. O ciclo do Ouro, no século XVIII, gerou uma vida urbana com notável atividade literária, rica produção escultórica e arquitetônica, além de uma intensa vida musical. Os rituais litúrgicos e as festas populares eram valorizados pela música, que aos poucos tomou forma e ganhou proporções originais revelando uma classe singular de músicos, em sua maioria mulatos. A dedicação à música e a participação em irmandades religiosas possibilitou ascensão social aos mulatos, já que atividades profissionais como a medicina, direito e a carreira eclesiástica lhes eram negadas.
Naquela época, ainda não existiam corporações musicais  organizadas, fixas: eram formados grupos de músicos para apresentarem-se nas oportunidades que surgiam. Para as festividades religiosas, as Irmandades promoviam concorrência para escolha de novas composições que seriam tocadas durante cada evento. O músico ganhador se responsabilizava pela composição, seleção dos instrumentistas e cantores, além da regência do conjunto.
Para as comemorações oficiais do Reino,os trabalhos dos músicos eram requisitados pelos Senados das câmaras, também através de concorrência. Portanto, em todas as vilas havia interesse no aprendizado e aprimoramento musical.
Há referências de que na Vila de Nossa Senhora da Conceição do Sabarabuçú, (Sabará) havia mais de 1.000 músicos — compositores, instrumentistas, maestros, cantores — no final do século XVIII.
A Sociedade Musical Santa Cecília de Sabará é uma das mais antigas e tradicionais de Minas Gerais. Sua organização data de 22 de novembro de 1781, dia de Santa Cecília, padroeira dos músicos.
No século XIX seus membros formaram uma corporação musical com uma Orquestra de Cordas e um Coral. Os componentes executavam peças litúrgicas nas igrejas e participavam de eventos oficiais no município.
Algumas apresentações realizadas no Teatro Elizabethano de Sabará foram inesquecíveis. Uma delas foi durante a visita do Imperador do Brasil D. Pedro I, em companhia da Imperatriz Dona Amélia.
No final do século XIX, com a queda da atividade de mineração e a conseqüente diminuição das riquezas, as orquestras profissionais tiveram suas atividades bastante reduzidas e a música mineira passou a se expressar por meio das inúmeras bandas formadas nas cidades e povoados. As cordas (violinos, violas e violoncelos) foram abandonadas progressivamente e os instrumentos de sopro (flautas, fagotes e trompas), substituídos por clarinetes, trompetes, trombones e tubas.
A Banda Santa Cecília, nascida no contexto dessa época, conseguiu sobreviver aos obstáculos impostos pelas diversas mudanças culturais e sociais dos últimos tempos. Tem se apresentado em comemorações importantes, tanto em Sabará quanto em outras partes do país. Um exemplo marcante foi a presença na inauguração da capital mineira em 1897, a então Cidade de Minas, hoje Belo Horizonte. A participação da Banda em concursos e encontros de bandas está registrada em diversos troféus, placas, medalhas, diplomas e fotografias.
A Sociedade Musical Santa Cecília de Sabará é sem dúvida uma herança valiosíssima da rica história cultural de Minas Gerais.
COMO SE MANTEVE VIVA
Desde sua criação a Sociedade Musical Santa Cecília é uma entidade civil, sem fins lucrativos, voltada única e exclusivamente para a criação, ensino e divulgação da música, em especial a música colonial mineira. Até meados do século XX, suas principais patrocinadoras eram as Irmandades Religiosas. Mais tarde chegou a assinar alguns contratos remunerados e com o dinheiro recebido mantinha o funcionamento da corporação, incluindo os gastos de manutenção do patrimônio e os administrativos. Algumas fases foram extremamente difíceis devido ao abandono a que, por muito tempo, ficou relegada a cultura nacional.
Porém, sempre conscientes da importância histórica e do valor da música para a vida social e cultural, membros e parceiros da corporação nunca deixaram que suas portas fossem fechadas em decorrência das diversas dificuldades. Alguns se prontificaram a pedir ajuda financeira, passando de casa em casa, enquanto outros tentavam buscar membros para recompor os grupos musicais. Nesse trabalho vale registrar uma pequena homenagem póstuma ao músico Geraldo Costa. Em passos já trôpegos mas insistentes, dedicava os seus quase oitenta anos ao trabalho diário de “buscar um músico, ou simplesmente descobrir alguém que gostasse de música, não importando onde estivesse, pois Santa Cecília não podia ficar decepcionada justamente em Sabará, cidade que abriga uma das mais antigas bandas do Brasil”.
A CORPORAÇÃO HOJE
A Sociedade Musical Santa Cecília tem uma importância impar para a cultura mineira. Em sua sede é resgatada a história da música mineira através da execução de composições dos seus ilustres membros; nela encontram-se imagens de fases da Sociedade Musical Sabarense que são marcas importantes da história das Minas Gerais. Em sua sede também são formados novos músicos enquanto os veteranos se aprimoram e proporcionam, a quem quiser entrar, uma boa música para ser apreciada.
Mesmo assim, as dificuldades para manter a corporação em atividade permanecem e não são muito diferentes das registradas historicamente. O custo básico envolve salários de professores, fornecimento de uniformes, conserto e manutenção de instrumentos, entre outros. A abnegação e o idealismo de seus membros, fontes de revitalização da Sociedade Musical Santa Cecília, não são suficientes para mantê-la em atividade; a força do trabalho voluntário dos músicos não consegue atender adequadamente a demanda.
Nos últimos anos algumas conquistas reascenderam esperanças na corporação. Com a ajuda da Prefeitura Municipal, de alguns parceiros, contribuições da população e valores arrecadados através das leis de incentivo à cultura foi possível reconstituir a Orquestra da Sociedade Musical.
O projeto “VOLTA ORQUESTRA SANTA CECÍLIA”, cujo objetivo principal é revitalizar a música antiga e contemporânea produzida em Minas Gerais, nasceu em meados de 1.985 impulsionado pelo entusiasmo de pessoas que querem "ver a banda passar" mas não querem deixar passar o acervo, as peças de autoria dos artistas do século XVIII que em Sabará nasceram, viveram e contribuíram para a cultura musical de Minas Gerais.
Até o inicio do ano 2000 foram adquiridos métodos, instrumentos e realizados melhoramentos nas condições físicas da sede para a efetiva implantação do projeto que em 2.003 começou a tornar-se realidade.
A BANDA E A ORQUESTRA
O projeto Volta Santa Cecília abrange não apenas a revitalização da orquestra como também o aprimoramento artístico dos integrantes da Banda Santa Cecília. A troca de experiências, informações e a aquisição de mais conhecimentos, é fundamental para o crescimento da Sociedade Musical. No âmbito social, o projeto é uma ocupação saudável para pessoas da terceira idade, uma alternativa para a profissionalização de jovens, a maioria deles carentes, além de ser uma atividade extremamente benéfica para o desenvolvimento pessoal de todos.
Para a formação da orquestra foram abertas 40 vagas para estudantes, foram contratados 5 professores especializados em ensino e uso de instrumentos de corda, sendo um deles para ensinar musicalização e solfejo.
A sede abriga hoje um verdadeiro conservatório de música que oferece atividades de teoria e prática musical a jovens que se interessam pelo ensino da música, preferencialmente aos que se propõem a participar ativamente como membros da corporação.
Além das teorias e praticas executadas durante as aulas e ensaios, professores e dirigentes acreditam que o ambiente é extremamente propício para a melhoria das relações humanas, já que o trabalho em equipe é um fator inerente ao sucesso do conjunto. Dedicação, concentração, respeito, paciência, são apenas alguns dos ingredientes básicos para o aprendizado e o aprimoramento musical.
O VALOR SOCIAL DA MÚSICA
Atualmente, além dos custos já existentes, o crescente interesse pelo aprendizado da música tem exigido a otimização dos recursos necessários para a continuidade das propostas do projeto. Por isso, a Sociedade Musical Santa Cecília está sempre em busca de novos parceiros para a obtenção dos recursos necessários à sua manutenção.
Contribuir para o desenvolvimento humano, resgatar a riqueza musical produzida em outras épocas, formar músicos que possam atuar nas diversas categorias de expressa musical, conscientizar a população em geral sobre a importância da música como fator de integração social são algumas das mais caras aspirações dos sabarenses ligados à arte musical.

FONTE :  http://santaceciliasabara.hd1.com.br/historico.html

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